Rosa Matiz
Se não disse certa vez, tempo,
Que ainda brilhava o verniz do sorriso
Não queria dizer que desbotava, denso
Não queria dizer, não, preciso...
Se outrora não fixei o olhar, vento,
Naquela bela fachada de felicidade
Não quer dizer, reforma, penso
Não quer dizer, não, saudade...
E outras vezes tantas, vendo
Todas as tábuas gastas de rotina
Não quer falar, refaz, adendo
Não quer falar, queima, porfia...
Em memórias minhas, dentro,
Das lascas que caiam, em lilás
Não quer parecer, sem cor, lembro
Não quer parecer, desmerecer, aliás
Como contemplo, na real vertente
Abaixo da epiderme, no epicentro
Não faz mostrar, sem cor, cedente
Não faz mostrar, tábua rasa ao tempo
E quando vi a rosa vermelha ultima
Aconchegada, naquilo, dito, gasto
Não fez degradê, no lilás púrpura,
Não fez degradê, ou perfume astro
A rosa, lembro bem, de idéias nuas
Cheirava mares e campos molhados
Não fez minha fachada sem pintura
Não fez minha fachada, nem sobrados
O lilás do meu destino, sem cuidado
As lascas de meus sonhos, sem verniz
A rosa não era tinta, nem reparo
A rosa não era cor, era matiz.
~César Augusto.
Agradecer a Colega fotógrafa Alyne Dias que cedeu esta foto maravilhosa que foi a base da criação desta poesia.
Parabens pelo seu trabalho moça!
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