Sinto em minhas onze sépalas,
O murchar do caminho que floreio
Não importa se já foram minhas pétalas
Não importa se o verão foi sem receio...
As chagas deixadas nos carpelos,
Tatuadas no meu caído estame,
Foram processos do caminho eleito
De ser parte do caminho que alegra viajantes,
E nos canteiros sem cuidado,
Nascem ervas de igual garrida,
E não importa meu receptáculo,
Não importa chamar-me margarida,
O destino de bem-me-quer não me afeta,
Nem os pedaços de mim aos namorados,
Nem meus amarelos detalhes e aletas
Serei sempre esta alegria nos prados.
Não importa se não chamam meu nome,
Ou se quem viaja não olhe e acene
Meu interior é adubado em insaciável fome
E meu nome é Bellis perennis...
E se alguma vez senti apagar o olhar candido
Se outras tantas, triste adormeci no ócio
Era porque esquecia que sou um Chrysanthemum
Que pode deter, no ângulo certo, todo o foco.
Uma vez ouvi na murchez, dizer certezas
De uma viajante em meio a todo aquele verde
- Nunca achem que vocês precisam de abelhas
Ou elas perderam do doce a sede!
- Se a tua estrada não te alegra meu bem
Não faz dela um despetalar solitário sequer
E não deixa, minha margarida, que ninguém
Ache que teu sorriso é só malmequer.
~César Augusto.
Mais uma Parceria com Alyne Dias ^^
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