segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012
domingo, 26 de fevereiro de 2012
Sem Estação.
quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012
Ironia em Caps Lock
Ironia em Caps Lock
Porque deveria ser diferente se a gente vive o tempo todo cercado de ironia? Porque as ironias daquela mocinha a fariam mais brilhante que um filme de um final bem bolado? Eu não andava mais feliz que o normal, nem mais “eu lírico” que o normal, acreditava estar justo na medida dos homens e ainda assim aquele gostinho de sangue na boca após aquela ironia bem colocada ainda me fazia imitar o mocinho acertado por um golpe fraco, obrigado a revidar na mesma medida não importando a quantidade ou a qualidade dos inimigos, filmes demais, o roteiro daquela pessoinha exclamativa deveria com certeza sem analisado por um bom diretor, tanto soube disso que sequer tentei rimar escárnios onde simplesmente não eram cabíveis.
Da mesma forma que não iria rimar amores, nem admiração, era uma coisa diferente, inquieta como aquela vontade que ela inspirava nos coleguinhas de escola no primário – Mãe, ele quer me bater! – hoje não tem mãe que escute, ela sabe também que se fosse pega a maioria não saberia o que fazer, assim como os cachorros que ladram para os carros não saberiam o que fazer com eles se o pegassem, ela tem uma prepotência tão irritante que sequer deve ser dar ao trabalho de imaginar um belo dia em que aquele moço vai saber o que fazer quando conseguir correr mais rápido que ela, ai eu quero ver!.
Mas ao contrário do que vocês possam imaginar, ela não irá se tornar uma mulher ordinária de avental e rotina, odeia essa palavra feia como declarações de amor e “eu te amo” gratuitos nas baladas mais diversas, ela vai achar um modo de continuar correndo, vai achar um modo de continuar sendo perseguida e de despertar no moço a simples vontade de correr na sua direção sem saber porquê. E quando estiver quietinha desconfie! Doces ou travessuras? Sem os doces! Arteira e moleca com um meio sorriso monalisa do tipo que “só os inteligentes podem ver”. E nos seus saltos de festa não se acha desequilíbrio, ela poderia passar você para traz em um pé só! O batom, marca as vitimas mais fracas! Mastiga homens como aquela balinha forte que muitos não agüentam, blindada de “tantos todos” os encantos, definitivamente conseguiria a lenda de escrever ironias em Caps Lock, ou achar a Atlântida, tanto faz.
Destinada a feitos memoráveis que não precisam ser publicados, rápida demais para uma foto, volátil e inflamável demais para ser contida, brilhante demais para ser ignorada. Óculos escuros e cinismo quebrados em um primeiro contato, letal aos mais espertos, atraente para os desavisados com uma a trilha sonora que aumenta a velocidade do tempo:
- Você sabe por quanto tempo os homens enceram esse casulo de cinismo?
– Você realmente acredita que isso te protege de alguma coisa?.
Você acha que estava voando com aquelas asas de papelão desde os 8 anos de idade até agora e simplesmente: Bang! Você é acertado, sem corredores iluminados, sem mascaras de oxigênio ou bancos flutuantes! Não é pouso de emergência é uma queda livre em milésimos de segundo! Um piscar de olhos mostra que você simplesmente não tem nada para responder! Ela usou o Caps Lock mítico, armamento desproporcional ao arsenal dos inimigos ou aliados, tem um calibre pesado e nunca será apanhada nos detectores de metal das linhas, é guarda costas de si! Exercito de um só! Culpada dos piores crimes simplesmente por ser... ultraje, encanto, luto e núpcia debaixo de quilômetros de blindagem macia e rosada que rouba todos os raios solares, a maldição do Egito, purgatório dos homens, harém do pós vida, o antagonismo de viver em lábios vermelhos. Caps Lock de si, uma alma que não cabe no corpo! Alguém detenha, pois só consigo escrever!.
quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012
Recipiente Poético
segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012
Copacabana
Desde crianças, amigas, pulávamos na cama,
Desde crianças, cúmplices, naquele mar azul
Crescemos no bater das ondas de Copacabana
Como se a infância morasse apenas na zona sul
Desde sempre, confidente, no sal pacado,
Lagos escavados nos sorrisos das bochechas
E você amiga, com aquele sorriso molhado
Convicto, a deixar toda a orla cheia...
E minhas costas sujas de seguidos tombos,
Os pés calçados de tropeços e brincadeiras
E hoje, não lhe pergunto se tenho teus ombros
Para simplesmente confidenciar esse vida cheia,
Sempre ao alcance dessas mãos pequenas minha amiga
Sempre resistente e altiva naquela areia quente
Contemplativa à beleza que me passou distraída
Sem os limites de Botafogo, Ipanema, Lagoa e Leme.
E um pouco mais mocinhas, com batons e confidências
Não perdestes teu olhar de ressaca, fina e cândida...
Nem mesmo após um cruzar descalço de saliências
Nos recantos mais ilários da Atlântica...
E se essa amizade tem do sal da santa...
Três ondas, oferendas e todos os orixás
Porque contigo naquela mistura branca
Aprendi a ser “Princesinha do mar”.
~César Augusto.
Agradecendo a foto da colega Mary Camata x)
domingo, 19 de fevereiro de 2012
"Ajuda" Sentimental
"Ajuda" Sentimental.
Eu havia decidido parar de falar sobre isso com você, serio mesmo, mas é difícil sabe? Você fala que o mundo todo começa a dar indiretas, de novo, de novo e de novo até um ponto em que você quer procurar a primeira ponte e se jogar. O mundo se molda em assuntos mal resolvidos, em medos, ansiedade e refrigerantes light (esse ultimo é muito ruim mesmo).
Pois bem, o pior no seu caso creio eu – se realmente seria possível tal dosimetria – é saber das respostas, é ter uma quarto limpo um caminho reto, um limite de velocidade e simplesmente você ter a sensação de que tudo esta uma bagunça de curvas na velocidade da luz. Você sabe minha amiga, que ele não ligou porque não queria, que não respondeu seus recados porque simplesmente não teve interesse, não acredite que amanha chegarão dúzias de desculpas pelas semanas passadas, isso só vai acontecer se a pessoa que ele queria não estiver mais possível. O amor minha amiga é um grande monopólio, é por natureza concorrência com ninguém, ele toca, ou não toca, embora façamos parecer um frevo, ele é samba, é como aquelas marchinhas bem clichês, a modernização do amor não acompanhou nem de longe o desenvolvimento do mundo não ache que antes porque as cartas demoravam meses havia menos agonia, qualquer década que seja, as mulheres sabiam dentro das suas marchinhas particulares que aquele envelope não iria chegar, tanto quanto você sabe que esse dispositivo moderno não vai fazer aquele “plim” simplesmente porque você deseja, você sabe, por instinto antes do computador ligar que não tem e-mail e que definitivamente aquele numero desconhecido não é o dele. Entenda que o problema não é você, nem ele, nem qualquer força extraordinária interplanetária foi apenas uma soma de fatos que deu o resultado da solidão ou da alegria. E se lendo isso você se sente confortável, se realmente essas palavras ásperas nem uma vez enrugaram a sua testa de repúdio, ai onde você esta, sozinha, contemplativa, podendo ser honesta consigo você sentiu que realmente as coisas são simples vai saber que não minto, você não precisa publicar esses meus conselhos, ou ainda elogiá-lo aos seus amigos nem fazer qualquer coisa que te ligue a estas idéias dolorosas, fique com as palavras pra você, sem mentira, sem remorso. Amanha você pode acordar sentimental de novo, amanhã você não precisa ler tudo isso, amanhã você pode esperar de novo, não tem problema, a gente é sádico mesmo, tem dia que você vai querer ver novela outros ainda que você vai querer queimar seus sutiãs, minha querida amiga, você pode acordar Clarisse e rir como a pior vilã de tudo aquilo que era seu mundo na noite anterior como pode ser Florbela com seu livro de mágoas. Essa linhas são para quem esta lendo agora, amanhã ou durante meses elas podem simplesmente ser pra ninguém, esse texto não tem vaidade, ele só tem um propósito: ajudar. Nem que seja pra outra dia você usá-lo como mau exemplo.
Mas ainda existe a possibilidade de você estar desprezando todas as linhas superiores, eu não conheço a sua marchinha, mas aviso, se as linhas acima te deixaram sínica e calma, pare de ler aqui.
Foi realmente doloroso ler tudo aquilo não foi? Você percebeu o quanto lutou negando cada letra? Como cada afirmação puxava no canto desses olhos pequenos uma lembrança na defesa de seu sentimento? Você sopesou todo o meu cinismo e ainda esta de pé, com a caixa de e-mail aberta e dormindo com o celular. Não pude mudar a sua opinião então tudo que posso fazer é dizer: Faça alguma coisa!. Não fique se remoendo, essa ansiedade não atinge mais ninguém. O que você fez hoje para ver o cenário mudar? Deu uma de louca e ligou dez vezes e ele não atendeu? Mandou setenta mensagens sem qualquer resposta? Descobriu os lugares que ele estaria e não ganhou sequer um olhar? Você não é tão ardilosa assim, é?. Se falo com todos esses “excessos” acredito realmente que você poderia ler de novo o grande parágrafo anterior. Mas se não, se você esta engessada nesses seus ritos subjetivos de só ligar uma vez, de só responder mensagem e nunca enviá-las de não mandar e-mails muito longos para não demonstrar interesse e se não o olha nos olhos para facilitar demais as coisas, minha amiga, espero que você não tenha falado “bingo!” nestas últimas linhas, seus ritos iriam afastar qualquer um meu bem. Ainda mais porque sei que seu perfil de atração esta mais para os bananas do que para os garanhões (Com todo o respeito). Você é uma mulher forte e os moços do seu perfil certamente esperam um grande sinal verde para poder avançar, inconscientemente você esta com uma placa de “Pare” colada ao peito é capaz de não ser surpreendida nem com uma olhadinha no decote por eles, olha que isso é uma coisa difícil de se evitar para um homem. Seja mais clara, seja sincera, se você não quer “entregar o jogo” saiba que para isso acontecer O JOGO TEM QUE TER COMEÇADO! Sei que não vais chegar falando “oi, vamos casar?” Então fique tranqüila, sei como você pode ser ótima praticando o desapego, se ele valeu a pena duas folhas de conselhos e toda a sua inquietude é um indivíduo que pelo menos merece uma chance de jogar. Não seja fominha, sabe, amar não pode ser jogado no single player. Espero o resultado dessa ou dessas partidas. E faça um favor de não ficar lendo os parágrafos seguidamente pode te deixar louca tá bom? Se cuida.
~César Augusto
sábado, 18 de fevereiro de 2012
O silêncio de Clarisse.
sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012
Margarida
Sinto em minhas onze sépalas,
O murchar do caminho que floreio
Não importa se já foram minhas pétalas
Não importa se o verão foi sem receio...
As chagas deixadas nos carpelos,
Tatuadas no meu caído estame,
Foram processos do caminho eleito
De ser parte do caminho que alegra viajantes,
E nos canteiros sem cuidado,
Nascem ervas de igual garrida,
E não importa meu receptáculo,
Não importa chamar-me margarida,
O destino de bem-me-quer não me afeta,
Nem os pedaços de mim aos namorados,
Nem meus amarelos detalhes e aletas
Serei sempre esta alegria nos prados.
Não importa se não chamam meu nome,
Ou se quem viaja não olhe e acene
Meu interior é adubado em insaciável fome
E meu nome é Bellis perennis...
E se alguma vez senti apagar o olhar candido
Se outras tantas, triste adormeci no ócio
Era porque esquecia que sou um Chrysanthemum
Que pode deter, no ângulo certo, todo o foco.
Uma vez ouvi na murchez, dizer certezas
De uma viajante em meio a todo aquele verde
- Nunca achem que vocês precisam de abelhas
Ou elas perderam do doce a sede!
- Se a tua estrada não te alegra meu bem
Não faz dela um despetalar solitário sequer
E não deixa, minha margarida, que ninguém
Ache que teu sorriso é só malmequer.
~César Augusto.
Mais uma Parceria com Alyne Dias ^^
quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012
Rosa Matiz
Rosa Matiz
Se não disse certa vez, tempo,
Que ainda brilhava o verniz do sorriso
Não queria dizer que desbotava, denso
Não queria dizer, não, preciso...
Se outrora não fixei o olhar, vento,
Naquela bela fachada de felicidade
Não quer dizer, reforma, penso
Não quer dizer, não, saudade...
E outras vezes tantas, vendo
Todas as tábuas gastas de rotina
Não quer falar, refaz, adendo
Não quer falar, queima, porfia...
Em memórias minhas, dentro,
Das lascas que caiam, em lilás
Não quer parecer, sem cor, lembro
Não quer parecer, desmerecer, aliás
Como contemplo, na real vertente
Abaixo da epiderme, no epicentro
Não faz mostrar, sem cor, cedente
Não faz mostrar, tábua rasa ao tempo
E quando vi a rosa vermelha ultima
Aconchegada, naquilo, dito, gasto
Não fez degradê, no lilás púrpura,
Não fez degradê, ou perfume astro
A rosa, lembro bem, de idéias nuas
Cheirava mares e campos molhados
Não fez minha fachada sem pintura
Não fez minha fachada, nem sobrados
O lilás do meu destino, sem cuidado
As lascas de meus sonhos, sem verniz
A rosa não era tinta, nem reparo
A rosa não era cor, era matiz.
~César Augusto.
Agradecer a Colega fotógrafa Alyne Dias que cedeu esta foto maravilhosa que foi a base da criação desta poesia.
Parabens pelo seu trabalho moça!
segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012
Romance à moda antiga
domingo, 12 de fevereiro de 2012
Pétalas do tempo
sábado, 11 de fevereiro de 2012
Imensidões lunares
meu corpo, como sincero fragmento;
varia nas imensidões lunares;
orbitando ordinário pelo ares;
como se do tênue fosse seguimento;
escrevo sem beijos e arrependimentos;
e se me vou, com ressalvadas partes;
é porque meu amor, poderia beber os mares;
e só obtive o triste desaconselhamento;
pois para os que amam, sobram triste espólios;
que reunem-se em correntes.. e no escudo lógico;
dos que defendem o peito da lança certa;
meu corpo, como sincero fragmento ensanguentado;
desaconselha amar como fazem os fatos;
e rasgam os opressores com suas flechas...
~César Augusto.
sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012
Olho por olho, dente por dente.
Queria eu, um sorriso pra gravar.
Mas teus lábios só me davam se tivesse o meu
um belo dia que não pude
descobri que só tinha sorriso amiúde
quando não dependiam do meu, [E do seu]
e quando esperei sem rir, esperava, “mude”
e de repente, desacordado, queria boa noite
descobri então que isso só se ouve,
quando você escuta na tangente
o sorriso, o boa noite, aprende
era pra ser realmente,
independe,
mas descobri nos teus olhos
olho por olho, dente por dente...
~César Augusto.
quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012
Farol sem Direção
Farol sem Direção
Tanto cresci, tanto me entediei com os círculos da rotina, tanto escrevi, sem gosto em um agridoce sei lá o quê, que esqueci de descrever quantas demonstrações magníficas ficam encarceradas atras das grades grossas e ásperas da ingratidão e quantas boas almas velam solitárias com um apito trêmulo, a deriva de um cais sem qualquer farol para guiar suas declarações.
Cresci, e como as costas, comecei a notar aqueles rostos anônimos de inanição amorosa, que pendem como sacos vazios em uma epidemia “a-sentimental” degenerativa como o próprio silêncio, e se isso fosse um fim que declinaria todo esse crescimento a uma conclusão lógica eu diria, grande como me tornei, entediado como me deixei estar, decrépito e ranzinza como a melhor comédia poderia prever: continuem gritando, porque enquanto houver fome haverá colheita, enquanto existirem os versos, existirão cegos, desnudos, sem um braille sentimental, com um tradutor gago e um cão-guia preguiçoso.
~César Augusto.
quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012
Dois Cappuccinos Longos.
terça-feira, 7 de fevereiro de 2012
Badalo Ultraje
Quando a chama fria, torce e tenta;
quando a chuva arde, esfria e treme;
no balandar, quando toca, deita e lembra;
é que o relógio marca, e o tempo teme;
quando o poema, prosa e mostra;
e nas linhas, sussuram desdizendo;
e nas letras, ferem, ferro e hostia;
e no peito, pálido, vago molumento;
quando badalo, batizo e bebo;
alucino, defino,definho;
e quando quero,nego e desejo
quando bebo, ermo e vinho...
e quando disfarça,disforme e marca;
e vez que sente, cilaba, tosse e doente;
e vez que rima, tinta,borra e arma;
e na palavra, em dia, atira contente;
quando era, volta e ouvia;
quando foi, temeu e temente;
vez de joelhos, dos dedos escrevia;
e palpitava, semeava semente;
e vez na escrita,esgrima;
e na boca, e na outra, ferida;
quando salivava,salutada, salgada sina;
e vez quando chorava,tomava, porfia;
e vez felino,fetiche e ferrolho;
na luta,luva, espada e espinho;
e vez só,somente, de novo;
balado de vez,verso e exilio...
e no fim, chorava, chamego,chamado;
e vez no fim, fingiu, felizmente;
e quando sentiu,servia, servente;
no fim, triste,traje do balado...
~César Augusto
segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012
Em ponto Infalível.
Em ponto Infalível.
(…) Escrevo nas dezenas, mas sofro impreterível;
na quantidade que me cabe, na medida;
porque se todos os versos fossem feridas;
para viver meu corpo estaria inservível;
escrevo centenas, mas com o sabor crível;
escrevo só até acabar a saliva;
até o ponto em que a lembrança seja nociva;
ao ponto de me matar infalível;
escrevo milhares e se outras tiverem;
linhas tantas que entre si preferem;
me apaixonaria por suas irmãs;
Elas preferem o tempo e tanto prefiro que escrevo;
mas saber se um dia o escrito será o que vejo;
não justificará nunca meu afã...
~César Augusto.
sábado, 4 de fevereiro de 2012
Uma gotinha feminista.
Uma gotinha feminista.
Você disse, Pingo de chuva, que o amor era jaula aberta
E disse ainda, que amar na janela de casa era bitola
E que nos bancos das faculdades, sem amor, havia a descoberta
Pingo de chuva, você chegou molhada na minha porta.
Você disse, com uma chuvinha rasa, que era independência
Suspirou dizendo que fazer o que quer, era a solução trovejando
E falou de seus excertos científicos e das teorias e da sapiência
Dos molhados e sozinhos, das goteiras e de baldes transbordando.
E com toda a sua feminilidade, disse, gotinha, do feminismo e das teorias
Esquecendo daquelas viagens que só foram pelo nosso céu limpo
E daquelas experiências, gotinha, em que molhada você escorregaria
Esqueceu que sem parceiro você não teria a quem pedir carinho.
Mas pingo de chuva, nublou tudo o que querias
E nos rios de certezas escorreu boiando na caixinha
Todas aquelas juras secas, todas aquelas que fazias
Sem dar-se conta, que na garoa não poderia ler as cartinhas
Você pinguinho foi demais “sem ser você”, seca e integra,
E quando disse ser realmente a gotinha, tua essência
Chorei bem molhado, mas sequei gotinha,
Meu sonho é mais alto que esta sua “sapiência”
Só não esquece minha gotinha, que nos quadros, sem giz
Não tem nossos filminhos, nem filhinhos, nem padaria
E que ser menina gotinha, é lindo não só para ser miss
E que ser mulher pinguinho, não é ser mulherzinha.
Se é tanta injúria dizer que és minha, gotinha,
Se é tanto malgrado e atentado a independência e a arte
Nunca tivesse deixado de pagar a tua metade
Em todas as viagens, bares e cineminhas.
Só não me venha depois de anos de sol, chuvinha
Dizer com essa ideologia embrulhada sem guarda-chuva
Que ser você, tornou-se o desapego e a rebeldia,
De quem não mataria uma barata ou colocaria sozinha
- os pares de uma luva –
~César Augusto