segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012











A montanha





Bota teus sonhos nas costas, e parte.
Bota nas luvas teus receios e carinhos
Nas tuas botas o cansaço e a idade
De todo esse equipamento, destino

Vai até que as placas sejam confusas
Até que as ruas tenham outro sentido
Até serem poucas as verdades tuas
Até a incerteza, até não haver caminho,

Mora nos teus pés, travesseiro de medo
E deixa o frio castigar quem não te gosta
Deixa perder o fôlego o desamor ermo
Deixa perdida na trilha as vagas propostas

Deixa até uma parte tua rolar da montanha
E no fim de tudo que olhares, deixa esquecer
Deixa os olhos alcançarem visão tamanha
Que os braços não possam apontar ou descrever

E só volta com o teu cantil vazio e sem sede
Só volta, quando ontem for lugar vazio na cama
E a vontade de amanhã seja mais verde
Que qualquer broto perdido na montanha,

E quando apertar o passo, quando correr sem dor
Abraça teu caminho, cumprimenta sem saudade
Uma parte que derreteu sem sabor
E hoje é todo o teu combustível da vontade

- De escalar tudo o que desmoronou –

~César Augusto

Foto: César Augusto - Montanha Chacaltaya - La Paz, Bolívia.

domingo, 26 de fevereiro de 2012

Sem Estação.







Sem Estação.














Quando dois, achei que era caminho reto
Quando um, pensei em trilhos inevitáveis
Quando fiquei assim, nas cobras e versos
Percebi, que não ha caminho, ha vontades

E nesses fracos desejos, despejei tudo
Nesses laços sem nó, deixei esperançoso
Um triunfo que simplesmente é nulo
Quando percebo o repetir pegajoso

O repetir incessante o loop inédito
Que a vida faz pensando no ontem
Nesses fracos desejos, fiquei cético
De um punhado desse homem

Escondido entre os trilhos e o céu
Posto em frente a um trem bala
Atropelado pelo sol e pelo seu
Pedaço de amor, dentro desta caixa

Chamou de peito, chamou de eco
E hoje nem chama, nem bate,
Só lancina, só agonia, só é berro
Soluço, e abraço covarde

E deste tolo, sem trilhos
Há de viver mais locomotivas
Há de viver pequenos mimos
Há de nascer expectativas...

E se não houver estação, sem partida
Se deixei meu lar sem despedida
Se na chegada não houver cumprimento
Se na viagem não retundarem pensamentos
Melhor não viajar de si, melhor linha reta.
A viagem sem companhia é esta.
Poesia que só tem uma estação: meus momentos.

~César Augusto.


Essa foto é minha o/

quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

Ironia em Caps Lock





Ironia em Caps Lock








Porque deveria ser diferente se a gente vive o tempo todo cercado de ironia? Porque as ironias daquela mocinha a fariam mais brilhante que um filme de um final bem bolado? Eu não andava mais feliz que o normal, nem mais “eu lírico” que o normal, acreditava estar justo na medida dos homens e ainda assim aquele gostinho de sangue na boca após aquela ironia bem colocada ainda me fazia imitar o mocinho acertado por um golpe fraco, obrigado a revidar na mesma medida não importando a quantidade ou a qualidade dos inimigos, filmes demais, o roteiro daquela pessoinha exclamativa deveria com certeza sem analisado por um bom diretor, tanto soube disso que sequer tentei rimar escárnios onde simplesmente não eram cabíveis.

Da mesma forma que não iria rimar amores, nem admiração, era uma coisa diferente, inquieta como aquela vontade que ela inspirava nos coleguinhas de escola no primário – Mãe, ele quer me bater! – hoje não tem mãe que escute, ela sabe também que se fosse pega a maioria não saberia o que fazer, assim como os cachorros que ladram para os carros não saberiam o que fazer com eles se o pegassem, ela tem uma prepotência tão irritante que sequer deve ser dar ao trabalho de imaginar um belo dia em que aquele moço vai saber o que fazer quando conseguir correr mais rápido que ela, ai eu quero ver!.

Mas ao contrário do que vocês possam imaginar, ela não irá se tornar uma mulher ordinária de avental e rotina, odeia essa palavra feia como declarações de amor e “eu te amo” gratuitos nas baladas mais diversas, ela vai achar um modo de continuar correndo, vai achar um modo de continuar sendo perseguida e de despertar no moço a simples vontade de correr na sua direção sem saber porquê. E quando estiver quietinha desconfie! Doces ou travessuras? Sem os doces! Arteira e moleca com um meio sorriso monalisa do tipo que “só os inteligentes podem ver”. E nos seus saltos de festa não se acha desequilíbrio, ela poderia passar você para traz em um pé só! O batom, marca as vitimas mais fracas! Mastiga homens como aquela balinha forte que muitos não agüentam, blindada de “tantos todos” os encantos, definitivamente conseguiria a lenda de escrever ironias em Caps Lock, ou achar a Atlântida, tanto faz.

Destinada a feitos memoráveis que não precisam ser publicados, rápida demais para uma foto, volátil e inflamável demais para ser contida, brilhante demais para ser ignorada. Óculos escuros e cinismo quebrados em um primeiro contato, letal aos mais espertos, atraente para os desavisados com uma a trilha sonora que aumenta a velocidade do tempo:

- Você sabe por quanto tempo os homens enceram esse casulo de cinismo?

– Você realmente acredita que isso te protege de alguma coisa?.

Você acha que estava voando com aquelas asas de papelão desde os 8 anos de idade até agora e simplesmente: Bang! Você é acertado, sem corredores iluminados, sem mascaras de oxigênio ou bancos flutuantes! Não é pouso de emergência é uma queda livre em milésimos de segundo! Um piscar de olhos mostra que você simplesmente não tem nada para responder! Ela usou o Caps Lock mítico, armamento desproporcional ao arsenal dos inimigos ou aliados, tem um calibre pesado e nunca será apanhada nos detectores de metal das linhas, é guarda costas de si! Exercito de um só! Culpada dos piores crimes simplesmente por ser... ultraje, encanto, luto e núpcia debaixo de quilômetros de blindagem macia e rosada que rouba todos os raios solares, a maldição do Egito, purgatório dos homens, harém do pós vida, o antagonismo de viver em lábios vermelhos. Caps Lock de si, uma alma que não cabe no corpo! Alguém detenha, pois só consigo escrever!.

quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

Recipiente Poético







Recipiente Poético













Só tenho minhas palavras...
e se certa vez, nada elas dissessem?
E se certo dia, mudez tivessem?
O que seriam estas letras fracas?

O pouco que seria meu peito, sem armas....
E se certo dia, descobrisse que na solidão fenecem?
Ou que os poucos goles que os demônios oferecem...
Serão os únicos frutos desta minha safra?

E porque viver assim?, só com meus dizeres...
Só com este vazio exilado em verbetes..
Que só choram, como sincera alma cadente...

Mas, e se certa vez, de mudez elas calassem...
Estes pedaços de mim espalhados por toda parte...
Poderiam ter um recipiente?

~César Augusto.

segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012

Copacabana






Copacabana









Desde crianças, amigas, pulávamos na cama,

Desde crianças, cúmplices, naquele mar azul

Crescemos no bater das ondas de Copacabana

Como se a infância morasse apenas na zona sul


Desde sempre, confidente, no sal pacado,

Lagos escavados nos sorrisos das bochechas

E você amiga, com aquele sorriso molhado

Convicto, a deixar toda a orla cheia...


E minhas costas sujas de seguidos tombos,

Os pés calçados de tropeços e brincadeiras

E hoje, não lhe pergunto se tenho teus ombros

Para simplesmente confidenciar esse vida cheia,


Sempre ao alcance dessas mãos pequenas minha amiga

Sempre resistente e altiva naquela areia quente

Contemplativa à beleza que me passou distraída

Sem os limites de Botafogo, Ipanema, Lagoa e Leme.


E um pouco mais mocinhas, com batons e confidências

Não perdestes teu olhar de ressaca, fina e cândida...

Nem mesmo após um cruzar descalço de saliências

Nos recantos mais ilários da Atlântica...


E se essa amizade tem do sal da santa...

Três ondas, oferendas e todos os orixás

Porque contigo naquela mistura branca

Aprendi a ser “Princesinha do mar”.


~César Augusto.


Agradecendo a foto da colega Mary Camata x)

domingo, 19 de fevereiro de 2012

"Ajuda" Sentimental




"Ajuda" Sentimental.








Eu havia decidido parar de falar sobre isso com você, serio mesmo, mas é difícil sabe? Você fala que o mundo todo começa a dar indiretas, de novo, de novo e de novo até um ponto em que você quer procurar a primeira ponte e se jogar. O mundo se molda em assuntos mal resolvidos, em medos, ansiedade e refrigerantes light (esse ultimo é muito ruim mesmo).

Pois bem, o pior no seu caso creio eu – se realmente seria possível tal dosimetria – é saber das respostas, é ter uma quarto limpo um caminho reto, um limite de velocidade e simplesmente você ter a sensação de que tudo esta uma bagunça de curvas na velocidade da luz. Você sabe minha amiga, que ele não ligou porque não queria, que não respondeu seus recados porque simplesmente não teve interesse, não acredite que amanha chegarão dúzias de desculpas pelas semanas passadas, isso só vai acontecer se a pessoa que ele queria não estiver mais possível. O amor minha amiga é um grande monopólio, é por natureza concorrência com ninguém, ele toca, ou não toca, embora façamos parecer um frevo, ele é samba, é como aquelas marchinhas bem clichês, a modernização do amor não acompanhou nem de longe o desenvolvimento do mundo não ache que antes porque as cartas demoravam meses havia menos agonia, qualquer década que seja, as mulheres sabiam dentro das suas marchinhas particulares que aquele envelope não iria chegar, tanto quanto você sabe que esse dispositivo moderno não vai fazer aquele “plim” simplesmente porque você deseja, você sabe, por instinto antes do computador ligar que não tem e-mail e que definitivamente aquele numero desconhecido não é o dele. Entenda que o problema não é você, nem ele, nem qualquer força extraordinária interplanetária foi apenas uma soma de fatos que deu o resultado da solidão ou da alegria. E se lendo isso você se sente confortável, se realmente essas palavras ásperas nem uma vez enrugaram a sua testa de repúdio, ai onde você esta, sozinha, contemplativa, podendo ser honesta consigo você sentiu que realmente as coisas são simples vai saber que não minto, você não precisa publicar esses meus conselhos, ou ainda elogiá-lo aos seus amigos nem fazer qualquer coisa que te ligue a estas idéias dolorosas, fique com as palavras pra você, sem mentira, sem remorso. Amanha você pode acordar sentimental de novo, amanhã você não precisa ler tudo isso, amanhã você pode esperar de novo, não tem problema, a gente é sádico mesmo, tem dia que você vai querer ver novela outros ainda que você vai querer queimar seus sutiãs, minha querida amiga, você pode acordar Clarisse e rir como a pior vilã de tudo aquilo que era seu mundo na noite anterior como pode ser Florbela com seu livro de mágoas. Essa linhas são para quem esta lendo agora, amanhã ou durante meses elas podem simplesmente ser pra ninguém, esse texto não tem vaidade, ele só tem um propósito: ajudar. Nem que seja pra outra dia você usá-lo como mau exemplo.

Mas ainda existe a possibilidade de você estar desprezando todas as linhas superiores, eu não conheço a sua marchinha, mas aviso, se as linhas acima te deixaram sínica e calma, pare de ler aqui.

Foi realmente doloroso ler tudo aquilo não foi? Você percebeu o quanto lutou negando cada letra? Como cada afirmação puxava no canto desses olhos pequenos uma lembrança na defesa de seu sentimento? Você sopesou todo o meu cinismo e ainda esta de pé, com a caixa de e-mail aberta e dormindo com o celular. Não pude mudar a sua opinião então tudo que posso fazer é dizer: Faça alguma coisa!. Não fique se remoendo, essa ansiedade não atinge mais ninguém. O que você fez hoje para ver o cenário mudar? Deu uma de louca e ligou dez vezes e ele não atendeu? Mandou setenta mensagens sem qualquer resposta? Descobriu os lugares que ele estaria e não ganhou sequer um olhar? Você não é tão ardilosa assim, é?. Se falo com todos esses “excessos” acredito realmente que você poderia ler de novo o grande parágrafo anterior. Mas se não, se você esta engessada nesses seus ritos subjetivos de só ligar uma vez, de só responder mensagem e nunca enviá-las de não mandar e-mails muito longos para não demonstrar interesse e se não o olha nos olhos para facilitar demais as coisas, minha amiga, espero que você não tenha falado “bingo!” nestas últimas linhas, seus ritos iriam afastar qualquer um meu bem. Ainda mais porque sei que seu perfil de atração esta mais para os bananas do que para os garanhões (Com todo o respeito). Você é uma mulher forte e os moços do seu perfil certamente esperam um grande sinal verde para poder avançar, inconscientemente você esta com uma placa de “Pare” colada ao peito é capaz de não ser surpreendida nem com uma olhadinha no decote por eles, olha que isso é uma coisa difícil de se evitar para um homem. Seja mais clara, seja sincera, se você não quer “entregar o jogo” saiba que para isso acontecer O JOGO TEM QUE TER COMEÇADO! Sei que não vais chegar falando “oi, vamos casar?” Então fique tranqüila, sei como você pode ser ótima praticando o desapego, se ele valeu a pena duas folhas de conselhos e toda a sua inquietude é um indivíduo que pelo menos merece uma chance de jogar. Não seja fominha, sabe, amar não pode ser jogado no single player. Espero o resultado dessa ou dessas partidas. E faça um favor de não ficar lendo os parágrafos seguidamente pode te deixar louca tá bom? Se cuida.

~César Augusto

sábado, 18 de fevereiro de 2012

O silêncio de Clarisse.






O silêncio de Clarisse.
















Escondido na razão isolada;
quis premeditar, despretendendo;
quis antecipar, a precipitada;
queria em demasia de incêndio;
e disso nada obtive;
desse querer me perdi seguindo;
dessa ânsia de agarrar Clarisse;
Clarice que riu perseguindo;
até que choroso esqueci;
me perguntava o que queria;
e respondendo me recolhi,
no vazio da expectativa;
e no silêncio sem Clarisse ouvi;
Clarisse disse: “por aqui”.

~César Augusto.

sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

Margarida





Margarida









Sinto em minhas onze sépalas,

O murchar do caminho que floreio

Não importa se já foram minhas pétalas

Não importa se o verão foi sem receio...


As chagas deixadas nos carpelos,

Tatuadas no meu caído estame,

Foram processos do caminho eleito

De ser parte do caminho que alegra viajantes,


E nos canteiros sem cuidado,

Nascem ervas de igual garrida,

E não importa meu receptáculo,

Não importa chamar-me margarida,


O destino de bem-me-quer não me afeta,

Nem os pedaços de mim aos namorados,

Nem meus amarelos detalhes e aletas

Serei sempre esta alegria nos prados.


Não importa se não chamam meu nome,

Ou se quem viaja não olhe e acene

Meu interior é adubado em insaciável fome

E meu nome é Bellis perennis...


E se alguma vez senti apagar o olhar candido

Se outras tantas, triste adormeci no ócio

Era porque esquecia que sou um Chrysanthemum

Que pode deter, no ângulo certo, todo o foco.


Uma vez ouvi na murchez, dizer certezas

De uma viajante em meio a todo aquele verde

- Nunca achem que vocês precisam de abelhas

Ou elas perderam do doce a sede!


- Se a tua estrada não te alegra meu bem

Não faz dela um despetalar solitário sequer

E não deixa, minha margarida, que ninguém

Ache que teu sorriso é só malmequer.


~César Augusto.


Mais uma Parceria com Alyne Dias ^^

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

Rosa Matiz




Rosa Matiz











Se não disse certa vez, tempo,

Que ainda brilhava o verniz do sorriso

Não queria dizer que desbotava, denso

Não queria dizer, não, preciso...


Se outrora não fixei o olhar, vento,

Naquela bela fachada de felicidade

Não quer dizer, reforma, penso

Não quer dizer, não, saudade...


E outras vezes tantas, vendo

Todas as tábuas gastas de rotina

Não quer falar, refaz, adendo

Não quer falar, queima, porfia...


Em memórias minhas, dentro,

Das lascas que caiam, em lilás

Não quer parecer, sem cor, lembro

Não quer parecer, desmerecer, aliás


Como contemplo, na real vertente

Abaixo da epiderme, no epicentro

Não faz mostrar, sem cor, cedente

Não faz mostrar, tábua rasa ao tempo


E quando vi a rosa vermelha ultima

Aconchegada, naquilo, dito, gasto

Não fez degradê, no lilás púrpura,

Não fez degradê, ou perfume astro


A rosa, lembro bem, de idéias nuas

Cheirava mares e campos molhados

Não fez minha fachada sem pintura

Não fez minha fachada, nem sobrados


O lilás do meu destino, sem cuidado

As lascas de meus sonhos, sem verniz

A rosa não era tinta, nem reparo

A rosa não era cor, era matiz.



~César Augusto.


Agradecer a Colega fotógrafa Alyne Dias que cedeu esta foto maravilhosa que foi a base da criação desta poesia.


Parabens pelo seu trabalho moça!

segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

Romance à moda antiga






Romance à moda antiga











Desejei provar de um romance à moda antiga;

Na insanidade que diziam os parnasianos;

com a heroica coragem dos lusitanos;

e a sapiência dos oráculos da roma antiga;



Desejei provar romântico, da barroca trilha;

sem saber onde levariam meus planos;

e de surpresa acabei “trovadorando”;

como se amar fosse filosofia...



meu querer nada tinha de pretenso;

Meus deus! eram só odes por extenso;

lágrimas em palavras e amores em garrafas;



Queria mesmo era poder narrar paixões ilíadas;

mas temo ter encontrado tantas medidas;

que hoje minhas palavras estão gastas...


~César Augusto.

domingo, 12 de fevereiro de 2012

Pétalas do tempo





Pétalas do tempo

















Memórias são pétalas do tempo...
Que se desfazem com lembranças que as assopram...
Para o infinito que ninguém sente,
Onde não sopra o vento...
E depois de apagadas voltam...
Com a forma alva...
E o tempo novamente escrevendo...
E assim como as pétalas do tempo...
Meus versos retornam...
Na forma de fôlego e rima...
Para descrever o tudo que me certa...
A lágrima afina...
E o vento novamente as leva...

~César Augusto.

sábado, 11 de fevereiro de 2012

Imensidões lunares






Imensidões lunares








meu corpo, como sincero fragmento;

varia nas imensidões lunares;

orbitando ordinário pelo ares;

como se do tênue fosse seguimento;


escrevo sem beijos e arrependimentos;

e se me vou, com ressalvadas partes;

é porque meu amor, poderia beber os mares;

e só obtive o triste desaconselhamento;


pois para os que amam, sobram triste espólios;

que reunem-se em correntes.. e no escudo lógico;

dos que defendem o peito da lança certa;


meu corpo, como sincero fragmento ensanguentado;

desaconselha amar como fazem os fatos;

e rasgam os opressores com suas flechas...


~César Augusto.

sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

Olho por olho, dente por dente.








Olho por olho, dente por dente.












Queria eu, um sorriso pra gravar.

Mas teus lábios só me davam se tivesse o meu

um belo dia que não pude

descobri que só tinha sorriso amiúde

quando não dependiam do meu, [E do seu]

e quando esperei sem rir, esperava, “mude”

e de repente, desacordado, queria boa noite

descobri então que isso só se ouve,

quando você escuta na tangente

o sorriso, o boa noite, aprende

era pra ser realmente,

independe,

mas descobri nos teus olhos

olho por olho, dente por dente...


~César Augusto.

quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

Farol sem Direção



Farol sem Direção











Tanto cresci, tanto me entediei com os círculos da rotina, tanto escrevi, sem gosto em um agridoce sei lá o quê, que esqueci de descrever quantas demonstrações magníficas ficam encarceradas atras das grades grossas e ásperas da ingratidão e quantas boas almas velam solitárias com um apito trêmulo, a deriva de um cais sem qualquer farol para guiar suas declarações.


Cresci, e como as costas, comecei a notar aqueles rostos anônimos de inanição amorosa, que pendem como sacos vazios em uma epidemia “a-sentimental” degenerativa como o próprio silêncio, e se isso fosse um fim que declinaria todo esse crescimento a uma conclusão lógica eu diria, grande como me tornei, entediado como me deixei estar, decrépito e ranzinza como a melhor comédia poderia prever: continuem gritando, porque enquanto houver fome haverá colheita, enquanto existirem os versos, existirão cegos, desnudos, sem um braille sentimental, com um tradutor gago e um cão-guia preguiçoso.


~César Augusto.

quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

Dois Cappuccinos Longos.









Dois Cappuccinos Longos.










Lá estava com o seu cappuccino e a balinha de menta o tipo odiado pela maioria, olha que não estou sequer me referindo as concepções filosóficas mas sim, as convenções sociais, já tentaram até criar lei pra limitar o tempo das pessoas nas mesas dos lugares comuns como shoppings. E esse definitivamente era o individuo que vos escreve, seriam cappuccinos longos – e não grandes - com uma produção de alguns linhas repetidamente apagadas até a conclusão exaustiva.

O assunto? Trivial e vago, apego desesperado dos dedos sem controle cuspindo linhas, como o optante de um voto de silêncio longo demais pra lembrar quando. As conclusões? Inexpressivas. Discussão parece mais interessante, essas linhas nunca foram ofícios científicos com tópicos conclusivos e coerentes, talvez nem um nem outro.
Um punhado de minutos bastante a pender os ponteiros ligeiramente já são suficiente para as primeiras descobertas, dedos frenéticos dizem sem vergonha: “As pessoas são tão frias”. Como isso?! Prova maior é este zumzumzum entre lojas. Ironia não funciona com o dedos, myself sem piedade. No final do segundo gole estamos todos dizendo: Man, people are so cold! E o indicador ajudado pelo mindinho a teclar “!” sussurando: So Cold! So Cold!.

Os olhos filmam um documentário sociológico de base empírica com lentes fascistas. Com certeza alguem errou abrasileirando usuários do Facebook como fasces deixando Mussolini bem feliz no além e se aproximando de uma verdade perigosa. Dedos malcriados pedem: Quem gostou compartilha, quem concorda “curte”. Não importa, tem gente que é tão impenetrável como o chantily que permanece frio mesmo envolto nesse café fertente.

Um certo tempo, vendo a barrinha coercitiva piscar e dizer: Escreva, é só isso que você tem?!. Existem professores de boxe sem essa habilidade de tirar tudo de você. Um desafiar constante, a cada ponto, a cada virgula. O Fundo do copo com o chocolate é o mais gostoso mas a bateria dos nossos aparatos tecnológicos não é tão generosa, a lei “não pegou” para ser fácil remover as pessoas, então eles desligam as tomadas, tiram algum wi-fi gratis e fazem capacitação com garçons - os únicos que conseguem olhar pra você com o olhar da “barrinha” -, vou pedir outro então. Não é a conta, em um minuto tenho novamente todo o direito de ficar sentado aqui, o capital está rodando, bingo! Já não faço tão mal assim ao sistema.

O tratamento e totalmente democrático, não importa se tem Caetano ou Albert King no fone de ouvido os vizinhos passariam despercebidos, totalmente camuflados nas sacolas das americanas se não fosse “Ai se te pego” no smartfone que tem absolutamente tudo, bússola, GPS todos os livros do Paulo Coelho em PDF mas jamais, jamais um fone de ouvido, nunca terei o olhar de “barrinha”, pessoas-chantily, não tem problema, sou irredutível quanto o conflito em Israel, a crise na Itália – Olha o Mussolini de novo – acontece, meus dedinhos sem qualquer polimento: Forget, It does not matter!. O segundo capuccino chegou – incrivelmente rápido – coisa que nunca irá acontecer quando voce esta com pressa – Tranks Murphy – Melhor salvar todo o escrito e não confiar no “Auto Save” já sabendo do ocultismo escondido no desing dos pendrives que fazem voce sempre errar a posição na primeira tentativa.

Ainda é pouco, o ponteiro como submetido a uma prova de resistência cedeu bastante mas ainda não entregou os pontos – “Afinal não se passou tanto tempo assim” - ele rodou uma vez na sua frente dizia o relógio no cantinho – Holy Crap!. A maioria das aventuras sexuais conhecidas não duram tudo isso mesmo com as onomatopéias envolvidas. Gole rápido então, atenção! cappucinnos curtos ou pequenos também queimam você!. A barrinha está mais calma? E os dedos no humor negro Godfather? Whatever! Parece que a saliva deles acabou afinal, a única voz audível em sua imponência acabou de dizer “Shut Up!” Tempo restante 3 minutos, conteúdo vermelho como quem diz auto-destruição criativa em 3...2... This done anyway!. A conta por favor, se a satisfação do garçon com essa palavra acompanhasse desconto eu tomava mais dois for free! Tem mais um banco vazio moço, outras sacolas cheias, outras musicas, outros pedidos e nenhum fone de ouvido!.

~César Augusto.

terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

Badalo Ultraje






Badalo Ultraje








Quando a chama fria, torce e tenta;

quando a chuva arde, esfria e treme;

no balandar, quando toca, deita e lembra;

é que o relógio marca, e o tempo teme;


quando o poema, prosa e mostra;

e nas linhas, sussuram desdizendo;

e nas letras, ferem, ferro e hostia;

e no peito, pálido, vago molumento;


quando badalo, batizo e bebo;

alucino, defino,definho;

e quando quero,nego e desejo

quando bebo, ermo e vinho...


e quando disfarça,disforme e marca;

e vez que sente, cilaba, tosse e doente;

e vez que rima, tinta,borra e arma;

e na palavra, em dia, atira contente;


quando era, volta e ouvia;

quando foi, temeu e temente;

vez de joelhos, dos dedos escrevia;

e palpitava, semeava semente;


e vez na escrita,esgrima;

e na boca, e na outra, ferida;

quando salivava,salutada, salgada sina;

e vez quando chorava,tomava, porfia;


e vez felino,fetiche e ferrolho;

na luta,luva, espada e espinho;

e vez só,somente, de novo;

balado de vez,verso e exilio...


e no fim, chorava, chamego,chamado;

e vez no fim, fingiu, felizmente;

e quando sentiu,servia, servente;

no fim, triste,traje do balado...


~César Augusto

segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

Em ponto Infalível.







Em ponto Infalível.











(…) Escrevo nas dezenas, mas sofro impreterível;

na quantidade que me cabe, na medida;

porque se todos os versos fossem feridas;

para viver meu corpo estaria inservível;


escrevo centenas, mas com o sabor crível;

escrevo só até acabar a saliva;

até o ponto em que a lembrança seja nociva;

ao ponto de me matar infalível;


escrevo milhares e se outras tiverem;

linhas tantas que entre si preferem;

me apaixonaria por suas irmãs;


Elas preferem o tempo e tanto prefiro que escrevo;

mas saber se um dia o escrito será o que vejo;

não justificará nunca meu afã...



~César Augusto.


sábado, 4 de fevereiro de 2012

Uma gotinha feminista.




Uma gotinha feminista.






Você disse, Pingo de chuva, que o amor era jaula aberta

E disse ainda, que amar na janela de casa era bitola

E que nos bancos das faculdades, sem amor, havia a descoberta

Pingo de chuva, você chegou molhada na minha porta.


Você disse, com uma chuvinha rasa, que era independência

Suspirou dizendo que fazer o que quer, era a solução trovejando

E falou de seus excertos científicos e das teorias e da sapiência

Dos molhados e sozinhos, das goteiras e de baldes transbordando.


E com toda a sua feminilidade, disse, gotinha, do feminismo e das teorias

Esquecendo daquelas viagens que só foram pelo nosso céu limpo

E daquelas experiências, gotinha, em que molhada você escorregaria

Esqueceu que sem parceiro você não teria a quem pedir carinho.


Mas pingo de chuva, nublou tudo o que querias

E nos rios de certezas escorreu boiando na caixinha

Todas aquelas juras secas, todas aquelas que fazias

Sem dar-se conta, que na garoa não poderia ler as cartinhas


Você pinguinho foi demais “sem ser você”, seca e integra,

E quando disse ser realmente a gotinha, tua essência

Chorei bem molhado, mas sequei gotinha,

Meu sonho é mais alto que esta sua “sapiência”


Só não esquece minha gotinha, que nos quadros, sem giz

Não tem nossos filminhos, nem filhinhos, nem padaria

E que ser menina gotinha, é lindo não só para ser miss

E que ser mulher pinguinho, não é ser mulherzinha.


Se é tanta injúria dizer que és minha, gotinha,

Se é tanto malgrado e atentado a independência e a arte

Nunca tivesse deixado de pagar a tua metade

Em todas as viagens, bares e cineminhas.


Só não me venha depois de anos de sol, chuvinha

Dizer com essa ideologia embrulhada sem guarda-chuva

Que ser você, tornou-se o desapego e a rebeldia,

De quem não mataria uma barata ou colocaria sozinha

- os pares de uma luva –


~César Augusto