Hoje não tem poesia.
Hoje, forçosos arreios apertam as costas,
Cavalgam chicotes nos tropeços de agonia
Hoje, não tem descanso, não tem poesia
Tal cabresto que rasga o lábio e a prosa,
Hoje, os bridões roubam o fôlego e a cólera
E o cavaleiro da obesidade e da ironia
Avisa indolente: hoje não vai haver poesia
Trotando torto e’minha pulsante aorta.
Avisem que hoje não tem poesia, cavaleiro,
Hoje só tem a crina molhada e o esterco,
E a velocidade inaudível das preocupações
Hoje, piso onde ferraduras não protegem
Puxo carroças que já me advertem:
Hoje não tem poesia, só lamentações.
~César Augusto.
Foto: Henderson Baena
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