terça-feira, 3 de julho de 2012

Hoje não tem poesia.




Hoje não tem poesia.













Hoje, forçosos arreios apertam as costas,
Cavalgam chicotes nos tropeços de agonia
Hoje, não tem descanso, não tem poesia
Tal cabresto que rasga o lábio e a prosa,

Hoje, os bridões roubam o fôlego e a cólera
E o cavaleiro da obesidade e da ironia
Avisa indolente: hoje não vai haver poesia
Trotando torto e’minha pulsante aorta.

Avisem que hoje não tem poesia, cavaleiro,
Hoje só tem a crina molhada e o esterco,
E a velocidade inaudível das preocupações

Hoje, piso onde ferraduras não protegem
Puxo carroças que já me advertem:
Hoje não tem poesia, só lamentações.

 ~César Augusto.

Foto: Henderson Baena

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