quarta-feira, 4 de abril de 2012

Clarice fugia.




Clarice fugia.










Clarice fugia.

Sem sapatinho, não Se[nt]-ia.

Ela não ouvia, não dava ouvidos,

Não dava bola, não dava gritos,

Não dava nada, ela só ia.


Não acenava, nem dizia,

Clarice não queria, não Sa[b]-ia

Que nem tudo eram livros.

Ela odiava os mortos e os vivos

Ela só lia, nem So[rr]-ia.


Ela havia amado, ha-via.

Mas não deixava, não que[r]-ia.

Clarice não gestava seus filhos

Ela não paria seus mitos

Nada servia, ela So[f]-ria.


Clarice fugia.

Do amor, das apostas ela de-via.

Nem jogava, nem bebia, litros

Clarice só notava os riscos

Ela não vinha, nem par[t]-ia.


Ela era fria.

E se orgulhava, ela que[r]-ia

Parecer impermeável aos ritos

Clarice entediada em um circo

Sem risada, que não se[r]-via


Clarice fugia

De todos, de mim, Se-ria

Ela lamentava, e se dizia sem brilho

Uma estrangeira no exílio

Do cinismo que-ria.


Clarice me[nt]ia,

A altivez, a porfia,

A dureza de seus ditos

A descrença nos poemas lidos

Que Clarice rasgava e Mo[rr]ia.


Clarice, Ar...[d]ia...


~César Augusto.



Foto: Henderson Baena

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